10 padrões comportamentais de um advogado-líder

Em nossa advocacia do dia a dia, ser líder é agregar aos conhecimentos jurídicos os conhecimentos de gestão de pessoas de alta eficiência, para que todos os colaboradores da empresa ou do escritório caminhem da melhor forma possível para a realização das metas organizacionais. Em complemento, o advogado-líder deve empenhar-se de forma incansável em tornar quem está ao seu lado um profissional mais feliz, completo, realizado e motivado.

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As habilidades de um líder não são ensinadas nas faculdades de Direito. Então, é preciso desenvolvê-las em conjunto com a formação técnica e sempre aprimorá-las ao longo da vida por meio de conhecimentos sobre gestão de pessoas e de negócios. Muito já foi escrito sobre as qualificações e habilidades de um líder, mas ainda não há um consenso imutável. Longe de tentarmos, aqui, abarcar todas essas habilidades, citamos de forma não exaustiva como deve ser a mentalidade (mindset1) dos advogados que buscam ser líderes de referência de uma equipe jurídica:

1. Tenha vontade e saiba do grande desafio pela frente— Para ser líder, é preciso querer ser um líder. Para isso, será necessário renunciar a muitas demandas jurídicas para se dedicar a pessoas. Se gerenciar pessoas já é difícil, imagina gerenciar advogados que, muitas vezes, são arrogantes e imutáveis em seus apontamentos.

2. Saiba escutar — Em um mundo de permanente poluição visual e especialmente sonora, onde nada é certo e pacífico, principalmente no mundo jurídico, não é surpresa que estejamos perdendo a nossa capacidade de ouvir. Muitos são excelentes em fazer barulho sem conteúdo, mas poucos são aqueles que respiram, olham e escutam de verdade o que os outros têm a dizer. A habilidade de escutar as pessoas que trabalham com você é requisito primordial para uma boa gestão de pessoas. Sem isso, todo o tempo que você se dedicou a um planejamento cairá por terra.

3. Tenha uma visão compartilhada — Compartilhe ideias e bons trabalhos. O advogado-líder deve exercitar dividir o que sabe. Quem muito quer para si, nada tem dos outros.

4. Ande pelo Gemba — “Gemba” é uma palavra de origem japonesa que significa o “verdadeiro lugar”. No mundo jurídico, é estar presente no local onde as peças jurídicas são produzidas, onde as reuniões são feitas, onde os relatórios são gerados. É ter uma noção geral do que acontece no escritório ou no departamento jurídico de empresa. É se inteirar das conversas de corredor dos advogados juniores, saber dos anseios da profissão junto dos estagiários e conhecer no detalhe a execução da estratégia junto com advogados mais seniores.

5. Tenha um perfil congregador e sintético — Bons líderes atraem pessoas que querem escutá-los, nem que seja sobre um assunto do cotidiano. Para alguns, isso é um dom nato, difícil de ser estimulado pela prática. Ao dividir uma lição ou aprendizado, deve-se ser sintético e claro nas ideias, pois o dia também só tem 24 horas para todos os advogados-líderes, tanto para os péssimos quanto para os de referência (advogados 4.0).

6. Dê o exemplo — Existe uma expressão muito usada que fala exatamente sobre coerência ao falar e agir. Em inglês, é conhecida como “Walk the Talk”, ou seja, “andar” ou agir de acordo com suas palavras. Uma advogado pode proferir o melhor discurso de liderança de todos os tempos, mas, se minutos após a fala agir de forma dúbia, tudo perderá seu valor.

7. Seja fluente em múltiplas funções e áreas do conhecimento — Conheça de tudo um pouco. Um advogado líder deve desenvolver múltiplas funções, como: motivar, orientar, planejar, informar, avaliar, controlar, punir. O exemplo a ser seguido não é o daquele que fica em sua sala trancado com o ar-condicionado ligado, mas o daquele que anda pelos corredores, que não faz questão de ter uma sala exclusiva, que “anda pelo gemba”. Além disso, além do direito, deve-se ter noções de finanças, administração, economia, sociologia etc.

8. Busque por oportunidades — Onde a maioria vê problemas e obstáculos, o advogado estrategista enxerga um desafio, uma oportunidade, e anima a equipe para a conquista. Lamentações e visão pessimista não fazem parte das características de um advogado líder. Este deve prezar pela resolução ágil de problemas, sejam jurídicos ou não.

9. Seja emocionalmente inteligente — Por muito tempo, um candidato que fez direito com QI elevado era algo almejado pelos recrutadores. Hoje, para os departamentos responsáveis por seleção de pessoal, tão importante quanto o QI de um advogado candidato a uma vaga é o seu QE (quociente emocional). Para aplicarmos em nossa rotina jurídica essa teoria, destacamos os cinco pilares trazidos pelo Daniel Goleman2, autor do livro best-seller Inteligência emocional, a saber: conheça as próprias emoções (autoconhecimento); controle as emoções (autogestão); automotivação; seja empático; saiba se relacionar interpessoalmente (sociabilidade).

10. Tenha gratidão e reconheça as conquistas — As atitudes do líder em reconhecer um trabalho bem feito podem não apenas melhorar o desempenho individual e coletivo, mas também estimular a motivação humana e gerar autoestima e autoconfiança. Com isso, um ambiente mais participativo e conexões emocionais são criadas. Afinal, quem se sente elogiado tende a ser mais prestativo e a trabalhar mais feliz. O advogado-líder mantém-se próximo aos membros da equipe para que ela seja valorizada, mantendo um diálogo aberto e frequente, reduzindo ruídos de comunicação e evitando comentários de corredor. Portanto, celebre sua vitória e agradeça verdadeiramente às pessoas pelo crescimento profissional ou pessoal. Infelizmente, muitos advogados não têm ideia do poder de palavras como “parabéns”, “obrigado pela ajuda” ou “você fez um bom trabalho”.

FONTE: texto do autor Wagner Osti e Fábio Lopes Soares, usando como referência bibliográfica o livro Gestão de Escritórios e departamentos jurídicos: a profissionalização do serviço jurídico para gestores e advogados, da editora Lumen Juris, de 2021.

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